A Polícia Federal deflagrou nessa terça-feira (28), em Campos, a operação Rebote, para cumprir mandados de busca e apreensão contra suposta fraude no PreviCampos, instituto de previdência dos servidores municipais, que teria deixado um rombo aproximado de R$ 383 milhões. Um dos locais em que a PF esteve nas primeiras horas da manhã foi na casa da Lapa dos Garotinho, onde a ex-governadora e ex-prefeita Rosinha Garotinho foi alvo de mandado de busca e apreensão. O advogado Rafael Faria disse que os supostos fatos que

"justificaram" a busca e apreensão na casa de Rosinha teriam ocorrido cerca de 10 anos atrás e falou em constrangimento à família. O caso ganhou repercussão nacional e essa não é a primeira vez que a Polícia Federal cumpre mandados em Campos referente à suposta fraude no PreviCampos.

De acordo com a PF, foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão a respeito dos possíveis crimes de gestão fraudulenta, peculato e associação criminosa no âmbito do PreviCampos. Do total, 12 mandados foram cumpridos em pontos distintos de Campos, três em Santos, outro na cidade de São Paulo e dois no Rio de Janeiro, sendo um deles em um apartamento no bairro do Flamengo ligado aos Garotinhos. Os crimes, segundo as investigações, teriam ocorrido especificamente no segundo semestre de 2016, quando Rosinha estava na reta final do seu segundo mandato.

Para o advogado Rafael Faria, a única questão imputada à ex-prefeita Rosinha seria ela ter indicado pessoas desqualificadas tecnicamente para a diretoria e conselho do PreviCampos. "Os supostos fatos que 'justificaram' a busca e apreensão na casa de Rosinha Garotinho teriam ocorrido cerca de dez anos atrás. Ou seja, a única explicação para o que aconteceu hoje na Lapa foi criar um constrangimento para a família, pois o fato é completamente atemporal. Não queremos acreditar que isso seja retaliação ou intimidação política. Sobre a decisão, a única questão imputada à ex-prefeita Rosinha é dela ter indicado pessoas sem qualificação técnica para a diretoria e conselho do PreviCampos", disse.

A decisão que autorizou o cumprimento da busca e apreensão, mencionada por Faria, diz que: "Rosinha era prefeita de Campos na época dos fatos e, nesta qualidade, foi a responsável por indicar gestores e membros do Comitê do PreviCampos, todos, aparentemente, sem qualquer conhecimento sobre investimentos para o exercício das funções “.


Segundo o delegado da PF em Campos, Wesley Amato, nessa primeira fase da investigação foram colocados como foco os agentes públicos, diretores, membros da comissão de investimento e da comissão deliberativa, que tinham por finalidade realizar os aportes financeiros do Fundo de Previdência de Campos, o PreviCampos. "Só que nós verificamos que quem realmente fazia os aportes, que realmente indicavam os fundos, era uma empresa de consultoria que fazia essa ponte entre os agentes públicos e os proprietários dos fundos podres", disse.

Ainda de acordo com as investigações, foi observado que houve uma mudança brusca na forma de investimento do fundo. "Nós percebemos uma mudança abrupta na forma de investimento da autarquia, que vinha realizando investimentos em fundos seguros, como fundos no Banco do Brasil, Caixa e Itaú. Posteriormente, a partir do segundo semestre, ela faz uma mudança radical e passa a investir nesses fundos de menor conhecimento, de pouca liquidez, de pouca garantia de que houvesse retorno para a instituição", explicou o delegado.

investigação desse porte é bem complexa e demanda uma análise de uma grande quantia de dinheiro, mas nós conseguimos. A gestão era fraudulenta. A gente tem elementos em forma de prova para conseguir o indiciamento nesse sentido, que a gestão era fraudulenta.

Por exemplo, atas de reuniões eram fraudadas. Os membros das comissões não compareciam nas deliberações e mesmo assim faziam os aportes. Alguns fundos eram fundos que demandavam uma certa categoria, eram fundos de risco que o PreviCampos não poderia, segundo a política de investimento do PreviCampos, realizar, mas mesmo assim eles realizaram", declarou o delegado.

Ele acrescentou ainda que a estimativa que se tem, cruzando os dados da secretaria de Previdência, ligada ao Ministério da Previdência Social, e também da CPI que ocorreu na Câmara Municipal, é de que R$ 383 milhões foram aportados nesses fundos. "A PreviCampos e outros regimes próprios aportavam o dinheiro nesses fundos e aí, como um jogo de cartas marcadas, o pessoal retirava o dinheiro e ficava só os RPPS ali, com os papéis 'podres' na mão, vamos dizer assim", explicou.

Em vídeo divulgado nas redes sociais, o casal Garotinho se manifestou sobre a operação dessa terça. O ex-governador Anthony Garotinho diz que a denúncia foi feita em 2017 pelo ex-prefeito Rafael Diniz. Ele também leu a decisão que autorizou a busca e apreensão e disse absurdo. Aonde nós vamos parar?", declarou.

Em seguida, Rosinha diz: "Isso é um achismo, Garotinho.

Dizer que aparentemente as pessoas possam não ser qualificadas é um achismo, não é nem uma afirmação. E logo quem que fez essa denúncia? Um ex-prefeito que desmoralizou a cidade, que foi o pior prefeito que Campos teve, que deixou pagamentos atrasados, que afundou a cidade, que quebrou a cidade, senhor Rafael

Diniz. Ele que faz a denúncia contra mim e aí coloca que eu aparentemente indiquei pessoas para cuidar do Fundo da Previdência, que nem passa pelo prefeito a gestão. E aí me colocam aqui com um achismo que eu indiquei alguém inadequado para o trabalho. Essa foi a acusação. O que é um absurdo. É para fazer mais um escândalo, para fazer mais uma perseguição contra a nossa família". Sem mais!


Fonte: folha 1

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