O subtenente bombeiro militar Roberto Henrique de Souza

Júnior, 52 anos, foi solto nesta quinta-feira (26) após o término da prorrogação da sua prisão. Ele ficou por dez dias no Grupamento Especial Prisional da (GEP) do Corpo de Bombeiros, em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, para onde foi levado após ser preso na Operação Ulysses da Polícia Federal, que investiga o possível envolvimento do militar no financiamento dos atos antidemocráticos em Brasília, quando golpistas invadiram e destruíram os prédios do Três Poderes, no último dia 08.

O caso do militar é acompanhado pelo juiz federal Dr. Marcelo Bretas, na 7ª Vara Criminal Federal do Rio, onde também está sendo avaliado o pedido de revogação de prisão do bolsonarista Carlos Victor de Carvalho, o CVC, também alvo da mesma operação, único ainda na cadeia.

Quem também já está solta desde a última segunda-feira

(23) é doceira Elizângela Cunha Pimentel Braga, outra investigada pela PF.

Segundo o advogado Cristiano Sampaio, que defende o subtenente e outros quatro bombeiros investigados na mesma operação, a lógica trabalhada pela defasa era de que, até esta quinta-feira, o Roberto Júnior fosse solto para responder ao processo em liberdade. Na tarde desta quinta-feira, ele foi levado ao Instituto Médico Legal

(IML) para fazer exame de corpo de delito, procedimento de praxe para a soltura.

 

- A prisão dele foi provisória, ou seja, era de cinco dias prorrogáveis por mais cinco dias. Nesta quinta-feira se escoou o prazo dessa prisão. O delegado representou pela prisão provisória no intuito de concluir as investigações. Ele sustentou que a necessidade da prisão era para garantir à investigação a não interferência do subtenente Júnior. As investigações estão bem aceleradas", comentou Sampaio, que deve vai se reunir com o militar nesta sexta para alinhar os próximos passos da defesa.

O subtenente é apontado pela PF como o responsável por arrecadar dinheiro para bancar golpistas de Campos em Brasília. Em mensagens que a polícia teve acesso, consta a divulgação de um pix que estaria atrelado ao bombeiro Junior, o que teria sido crucial para a investigação chegar até ele. Mais quatro bombeiros que aparecem nas mensagens como pessoas que contribuíram na "vaquinha" também já foram ouvidos na delegacia.

 

“ O  Júnior que sequer foi a Brasília, já fizemos prova disso, que ele não foi à Brasília. Que arrecadou o dinheiro de fato arrecadou, mas devolveu para todos os doadores, quer dizer, não apoiou, de forma financeira o movimento”, afirmou o advogado.

Uma das mensagens, cujo print está rodando, traz a seguinte informação: "Estamos com seis amigos lá em Brasília, todos saíram daqui de Campos, será que conseguimos juntar ajuda para dar suporte a eles, seria uma forma de estarmos juntos na luta, acho que 50,00 de cada um não fica puxado e será muito importante para os que estão na frente de batalha, nós temos o irmão (nome omitido por falta de confirmação) representando os bombeiros de Campos, vou passar para ele a ajuda e ele fará chegar nos demais. Vamos ajudar irmãos, é de extrema importância. Contribuição para a frente de batalha em Brasília".

Abaixo do referido texto consta o pix com o e-mail e nome do bombeiro, além da lista com outros nomes que teriam contribuído com quantias de R$ 50 a R$ 100.

O advogado

Cristiano Sampaio 

informou que não pode falar muito sobre o processo,

que está sob

segredo de Justiça,

decretado,segundo ele, pelo juiz Marcelo Bretas.

"No transcorrer do processo ficará provada a total inocência deles. São bombeiros militares de ficha limpa, trabalho honrado no Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro, sempre honraram a sua farda, a sua profissão, juraram respeitar a democracia, tem como pilares a hierarquia e a disciplina. Então imputar esses militares a pecha de terroristas é lamentável o que a gente está vendo. É uma condenação antecipada sem que se haja um devido processo legal", completou a defesa.

- A princípio a gente vai comparecer lá no 5° GBM para saber se tem alguma medida administrativa em relação a ele, mas a princípio tem que se apresentar porque ele não tem justificativa para estar faltando o quartel. Antes ele estava preso. Estava recolhido à disposição da Justiça.

Então, a recomendação é que amanhã (sexta) já se apresente à unidade dele ou, no mais tardar na segunda-feira, para saber da escala dele de serviço e qual o destino vai ser dado a ele - disse o advogado Cristiano Sampaio.

Em nota divulgada no dia da operação, a corporação chegou a declarar que "repudia veementemente quaisquer atos que ameacem o Estado Democrático de Direito". A corporação também informou que foi instaurado um Inquérito Policial Militar para apurar a participação do subtenente em ataques contra o patrimônio público e em associações criminosas visando à incitação contra os poderes institucionais estabelecidos.

- Agente vai acompanhar, mas a princípio eu só tenho a informação, pela mídia, da abertura de um Inquérito Policial Militar - finalizou a defesa. Sem mais!

 

Por: Silvana Venâncio

 

Fonte: folha 1

 

 

 

 

 

 

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