A descoberta de um rombo de R$ 20 bilhões na Americanas, que levou a empresa à recuperação judicial em caráter de urgência, deixa consumidores apreensivos com relação à capacidade da companhia de honrar seus compromissos. Uma das dúvidas que pairam é se a varejista é considerada segura para a realização de compras, seja pelo site ou loja física.

Em nota divulgada nesta quinta-feira, a Americanas afirma que "seguirá operando normalmente dentro das novas regras da recuperação judicial". Segundo a varejista, o grupo de acionistas de referência da empresa informou ao Presidente do Conselho de Administração que pretende manter a liquidez da companhia em patamares que permitam o bom funcionamento da operação de todas as lojas, do seu canal digital, Americanas.com, da AME e suas coligadas. 

Mas os efeitos da crise suscitam dúvidas nos consumidores expressa em dezenas de post no Twitter no perfil da empresa. Não por acaso a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), órgão do Ministério da Justiça, e o Procon-SP questionam a Americanas se compras já realizadas serão afetadas. 

Apesar das obrigações de cumprimento de oferta continuarem existindo, especialistas dizem que na prática, o consumidor pode ser prejudicado caso o temor de fornecedores de não serem pagos acabe levando uma interrupção na cadeia de fornecimento da varejista.

 

A economista Ione Amorim, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), recomenda cautela aos consumidores diante do pedido de recuperação judicial.

 

 

Na avaliação da economista, o clima de insegurança criado na última semana afeta da mesma forma consumidores e fornecedores: 

— Os fornecedores temem não receber pela mercadoria entregue a Americanas e o consumidor que os produtos comprados não cheguem as suas casas. Esse clima é ruim, inclusive para a recuperação da empresa. Então é hora do consumidor que conhece e confiava na marca se informar e analisar os riscos que quer correr, como a empresa vai se posicionar. 

Guilherme Farid, chefe de gabinete do Procon-SP, também orienta cautela. Mas explica que o cenário, por ora, é de normalidade no que se refere à relação entre empresa e consumidor. A autarquia, que notificou a empresa a prestar esclarecimentos, disse que a Americanas respondeu na quarta-feira, dia 18, e informou que as relações de consumo não serão afetadas por conta da crise financeira. 

— Evidente que um não sucesso na recuperação judicial com um ou todos os fornecedores pode afetar a cadeia de consumo e impactar o consumidor, mas no momento isso é especulação. Considerando o esclarecimento da empresa e o fato de que o Procon-SP não encontrou grande disparidade na quantidade e na natureza das reclamações sobre a empresa, não é motivo de preocupação para o consumidor a aquisição de compras.

 

 

Vale mais a pena comprar presencial ou dá para confiar na entrega pela internet?

Na loja, o consumidor já sai com a mercadoria, então não há risco. No entanto, na venda on-line, há uma preocupação com a capacidade da empresa em cumprir a entrega, pondera Ione. 

O fato de a empresa entrar em recuperação judicial desobriga a cumprir as entregas ou alguma outro direito do consumidor?

Os direitos dos consumidores não são extintos pela recuperação judicial. Os especialistas admitem, no entanto, que se a situação se complicar pode ser mais complexo exercê-los. 

Ricardo Morishita, professor de Direito do Consumidor no IDP, lembra que pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC) toda a cadeia de fornecimento tem responsabilidade solidária no atendimento do consumidor. Ou seja, o cliente pode acionar empresa parceira que usa o marketplace da Americanas, o fabricante, por exemplo, em caso de problemas.

 

Já comprei na Americanas, o pedido ainda não chegou. Devo cancelar ou espero chegar?

 

Na análise da economista, cancelar uma compra que ainda está no prazo de entrega pode ser exagero. Ela lembra que a crise tem apenas uma semana e pondera que o estoque para as compras já feitas não devem ter sido alterados nesse curto espaço de tempo. 

No caso do prazo já ter expirado ou do consumidor que está inseguro e prefere cancelar, Ione pondera que nas compras feitas no cartão de crédito o ressarcimento costuma vir em forma de crédito na fatura, o que pode ser um problema para quem de fato vai precisar do item que havia comprado. 

Quem pagou à vista, com boleto ou Pix, pode ter ainda mais dificuldade no ressarcimento. Sem mais!!

 

Por: Silvana Venâncio 

Fonte: o globo 

 

 

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